sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Fortaleza: uma grande embarcação

Confesso que não tenho a mínima afinidade (para não dizer outra coisa) com a chamada música cearense. Não é porque nasci em Fortaleza que sou obrigada a gostar de Fagner, Fausto Nilo e outros menos votados. Mas adoro a música de Paula Tesser e de seu marido Valdo Aderaldo. Música urbana, crônicas de Fortaleza (e da França), inegável identificação com a bossa nova, qualidade vocal ímpar... Várias coisas me agradamn na dupla. Com essa onda de (boas) novas cantoras brasileiras é uma pena Paula ainda não ter sido descoberta.
No You Tube, só consegui encontrar esse registro de um show que eles fizeram por aqui. Nem é minha música preferida deles e, ainda assim, acho o ritmo irresistível e a letra... Bem, a letra fala de Fortaleza e, no fundo, sou uma bairrista.

Fortaleza: Retrato do Vento

A onda do artista
O retrato do vento que eu tirei
Vou surfando sem fim
A vaga que eu mesmo levantei

Na prancha o papel
No papel o desenho
E eu:
Arquiteto navegador
Vou curvando o concreto
Na casa suspensa
Pelos ares que eu pintei

A praia, a pedra, a visão
Fortaleza: uma grande embarcação
O céu dali vai florir
Iluminando a ilusão

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Covers e mais covers

Adoro covers.
Adoro.
No meu computador, tenho uma pastinha só com interpretações diferentes de canções já conhecidas.
Minha atração por essas versões têm um quê de subversão (com o perdão do trocadilho).
É pegar algo que está ali _pronto & instituído!_ e transformar em algo seu.

Não é melhorar _embora às vezes melhore. E não é piorar _embora às vezes piore.
É mostrar que não existe um "formato definitivo" para nada.
É experimentar em cima do que já existe em busca de novas nuances, novos sentidos.
E viver não é bem assim?

Para quem quiser, tem um mundo pronto aí fora. Um trabalho no qual você apenas se encaixa, manuais e manuais sobre como conduzir seus relacionamentos, guias que ensinam como curtir sua viagem de férias, listas com os dez livros que você tem que ler e opiniões enlatadas para consumo imediato.

Quem quiser, pode ter tudo isso.
E quem quiser, pode se apropriar de tudo isso.
Acho que tem uma diferença aí, não?

Mas chega de botequim`s philosophy e vamos ao que interessa: Descobri no último findi esse cover que a Amy Winehouse fez para "Valerie", dos Zutons.
Adoro as duas versões, embora veja muitas diferenças entre elas.
Se na versão masculina o sentimento de abandono é mais "puto da cara" e exige: "stop making a fool out of me!", na voz rouca de Amy, a sensação é de nostalgia pelo amor perdido, com um pedido: "stop making a fool out of me...".
Mas essa sou eu dando minha interpretação para a interpretação deles.
:)
Escute ambas e me dê a sua versão.



domingo, 18 de novembro de 2007

Pra começar a semana muito bem

Pense numa cantora boa de se ouvir. Madeleine Peyroux nasceu nos Estados Unidos, mas morou na França. No período em que viveu na Europa, percorreu vários países para cantar clássicos do jazz.
O repertório da moça tem várias, várias músicas deliciosas. Escolho essa pra compartilhar nesse blog porque tem uma leveza e um otimismo que espero que caracterizem os próximos dias.
Bons ventos nos conduzam!

I´M ALRIGHT

He made me laugh
He made me cry
He smoked his doggies in bed
But I'm all right
I'm all right
I've been lonely before
I asked the boy for a few kind words
He gave me a novel instead
But I'm all right
I'm all right
I've been lonely before
It's fine, it's OK
It was wrong either way
I just wanted to say
There isn't much fun when you're drinking wine
He got drunk, he fell down
He threw a few of my things around
But I'm all right
I'm all right
I've been lonely before

I'd like to believe healthy cigarettes
But I have to conceive that wherever you are
You're still driving my car
Sticks and stones break my bones
But tears don't leave any scars
So I'm all alright
I'm all alright
I've been lonely before

Mmm...
I'm all alright
I'm all alright
I'm all alright
Yeah
He played solitaire in bed
Used to blow bubbles in bed
He sang Christmas songs in bed

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Presos no tráfego

Eis um cantor esquisito, a começar pelo nome: Hawksley Workman. Ele é tão estranho que o bonequinho que o representa no clipe consegue ser mais bonito que ele. Para completar, ele é canadense – terra de Bryan Adams (argh) e Celine Dion (argh múltiplos). Mas não é que com tantos senões, Workman fez esse clipe delicado e cativante da canção “No reason to cry out your eyes”? E bastaram uma batidinha e refrão pegajosos. Ah, a participação de La Môme herself, ou melhor Marion Cotillard, também ajuda bastante. Sim, essa moça chorosa é a intérprete da grande Edith Piaf. Quem ainda não viu a cinebiografia está perdendo uma atuação para a qual não existem adjetivos suficientes.


No reason to cry out your eyes

The brake lights
Are really quite lovely
Thousands of souls
All stopping together

On the highway tonight
There's no reason to cry out your eyes

The city
Starts fading behind us
Thousands of souls all wishing
Things were better

Sadness
Is waiting to happen
For people like us
Not sure where we're going

Watching the fading
Watch everything go by

Sadness
Is all that ever happens
But we have our eyes
Set dead on the ocean

sábado, 10 de novembro de 2007

Do Hotel Chevalier a Darjeeling



Uma das minhas fontes favoritas de novas músicas é a trilha-sonora de filmes bacanas.
Na Mostra Internacional de Cinema, que aconteceu aqui em SP no mês passado, eu me esbaldei também musicalmente. E é do novo filme de Wes Anderson, Viagem a Darjeeling, que vem a dica de hoje: "Where do you go to (my lovely)", de Peter Sarstedt.
Para começo de conversa, o filme é maravilhoso _ainda melhor que "Os Excêntricos Tenembaums" e "A Vida Marinha com Steve Zissou", também de Anderson. Trata-se da história de três irmãos que viajam à Índia para procurar a mãe, que largou tudo e foi morar num convento.
Pelo menos na sessão que vi (espero que seja assim em todas), Viagem a Darjeeling é precedido pelo hilário curta "Hotel Chevalier". Na verdade, pode até ser que o curta seja só a "primeira parte" do filme... O fato é que as duas peças se complementam e a música é a "cola" fundamental entre ambos.
Vamos a ela:
"Where do you go..." foi lançada em 1969 e conta a história de uma moça pobre que passa a fazer parte da elite parisiense. Para mim, o que mais chama a atenção na música são as vaaárias referências àos ícones culturais da época, o que dá um gostinho a mais, mas pode dificultar um pouco o entendimento da letra. Por isso, alguns sites de letras oferecem também um "glossário" da canção (coloquei um no fim do post).
Um detalhe que acabei de descobrir e que conecta ainda mais a música ao filme é que apesar do tom francês e de cantar em inglês, Peter é indiano.
Para quem se interessar, tem um clip com Peter e seu bigodon no Youtube. Mas preferi colocar aqui esse, que traz imagens das pessoas e locais citados na música _com destaque para el charme de Sacha Distel.



Where do you go to (my lovely)

You talk like Marlene Dietrich
And you dance like Zizi Jeanmaire
Your clothes are all made by Balmain
And there's diamonds and pearls in your hair, yes there are

You live in a fancy apartment
Off the Boulevard Saint-Michel
Where you keep your Rolling Stones records
And a friend of Sacha Distel, yes you do

You go the embassy parties
Where you talk in Russian and Greek
And the youngmen who move in your circles
They hang on every word you speak, yes they do

But where do you go to my lovely
When you're alone in your bed
Tell me the thoughts that surround you
I want to look inside your head, yes I do

I've seen all your qualifications
You got from the Sorbonne
And the painting you stole from Picasso
Your loveliness goes on and on, yes it does

When you go on your summer vacation
You go to Juan-les-Pins
With your carefully designed topless swimsuit
You get an even suntan on your back and on your legs

And when the snow falls you're found in Saint Moritz
With the others of the jet-set
And you sip your Napoleon brandy
But you never get your lips wet, no you don't

But where do you go to my lovely
When you're alone in your bed
Won't you tell me the thoughts that surround you
I want to look inside your head, yes I do

You're in between 20 and 30
A very desirable age
Your body is firm and inviting
But you live on a glittering stage, yes you do, yes you do

Your name, it is heard in high places
You know the Aga Khan
He sent you a racehorse for Christmas
And you keep it just for fun, for a laugh a-ha-ha-ha

They say that when you get married
It'll be to a millionaire
But they don't realize where you came from
And I wonder if they really care, or give a damn

Where do you go to my lovely
When you're alone in your bed
Tell me the thoughts that surround you
I want to look inside your head, yes I do

I remember the back streets of Naples
Two children begging in rags
Both touched with a burning ambition
To shake off their lowly-born tags, so they try

So look into my face Marie-Claire
And remember just who you are
Then go and forget me forever
But I know you still bear the scar, deep inside, yes you do

I know where you go to my lovely
When you're alone in your bed
I know the thoughts that surround you
'Cause I can look inside your head
__________________________________

Glossary:
Marlene Dietrich
- U.S. actress born in Berlin, Germany on December 27, 1901. She came
to the United States in 1930 and became a U.S. citizen in 1939.
Died May 6, 1992.

Zizi (Renee) Jeanmaire
- French dancer and actress. She played "Doro" in the 1952 made-for-TV
musical "Hans Christian Andersen" starring Danny Kaye, which was
choreographed by her husband, French dancer and choreographer,
Roland Petit.

Balmain
- French couturier Pierre Balmain (1914-1982).

Boulevard Saint-Michel
- a street in the Latin Quartier of Paris's Left Bank (south side of
the River Seine).

Sacha Distel
- jazz singer/guitarist born in Paris, France January 29, 1933.

Sorbonne
- college for theological studies at the University of Paris,
bequeathed by Robert de Sorbon around 1257. The name Sorbonne became
synonymous with the theological faculty of the university and later
with the university itself.

Juan-les-Pins
- Seaside resort on the coast of France between Cannes and Nice.

Saint Moritz
- popular winter tourist town on Lake Saint Moritz in eastern
Switzerland. Site of the Winter Olympics in 1928 and 1948.

Aga Khan
- spiritual leader, or imam, of the Ismaili sect of Shiite Muslims.
The present Aga Khan (Aga Khan IV; real name Karim al-Hussain Shah;
born December 13, 1936) is known primarily for his business
interests, which include a thoroughbred-horse-breeding enterprise
begun by his grandfather.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Ária

Gosto de ópera (e quase me chamei Celeste Aída!), mas não sou entendida no assunto, por isso sempre chego às obras por caminhos inusitados. "Tristes Apprêts", a musica tema desse post, eu conheci via "Marie Antoinette", filme mais pop impossível.

Segundo a Wikipedia... Trata-se de uma ária da ópera Castor e Pollux, de Jean-Phillipe Rameau (1683-1764), considerado um dos maiores compositores franceses, além de teórico da música do período barroco.
Na mitologia grega, Castor e Pollux são irmãos gêmeos, filhos de Lêda e Zeus _para seduzi-la, o deus se transformou em cisne. Quando as crianças nasceram, Zeus reconheceu Pollux como seu filho e lhe concedeu a imortalidade. Mas Castor foi considerado filho do rei de Esparta, marido de Lêda, e, portanto, mortal.

Já adultos, Pollux e Castor apaixonaram-se pela mesma mulher, a princera Télaïre. Ela, por sua vez, amava Castor.
Juntos, os irmãos entraram numa guerra contra o rei Lyncée, e, durante um combate, Castor é ferido e morre.
"Tristes Apprêts" é o lamento de Télaïre diante da morte de seu amado.

A letra é dramática sim e a interpretação, idem _afinal, é uma ópera.
Mas, para mim, não soa exagerado.
Consigo imaginar esse grito de dor de forma completamente real e sincera. Presente com a mesma intensidade mesmo em momentos de silêncio.
Espero que vocês também gostem.

>

Tristes apprêts

(e minha tradução capenga)

Tristes apprêts, pâles flambeaux
Preparativos tristes, chamas pálidas
Jour, plus affreux que les ténèbres
Dia, mais horrível que os tenebrosos
Astres lugubres des tombeaux
Astros lúgubres das tumbas
Non, je ne verrai plus que vos clartés funèbres
Não, eu não vou querer mais sua luminosidade fúnebre

Toi, qui vois mon coeur éperdu
Tu, que vês meu coração partido
Père du jour, ô soleil, ô mon père!
Pai do dia, oh Sol, oh meu pai!
Je ne veux plus d'un bien, que Castor a perdu
Eu não quero mais um bem que Castor tenha perdido
Et je renonce à ta lumière
E renuncio à tua luz

Tristes apprêts, pâles flambeaux

Preparativos tristes, chamas pálidas
Jour, plus affreux que les ténèbres
Dia, mais horrível que os tenebrosos
Astres lugubres des tombeaux
Astros lúgubres das tumbas
Non, je ne verrai plus que vos clartés funèbres
Não, eu não vou querer mais sua luminosidade fúnebre

* Uma curiosidade: o signo de Gêmeos está relacionado à história de Castor e Pollux

Hello my love

Ouvi essa música numa rádio outro dia. Achei bem gostosa, mas não conseguia entender o nome dela, nem da banda. Demorou, mas entendi e aqui está.
Essa música é de uma dupla masculina curiosa da Suécia. Eles têm um visual que me faz pensar no Boy George repaginado. Ou algo na linha do Moby maquiado.
Bem, cada um com seus problemas. Que essa música é boa, é sim.
Aqui eles contam com a voz da cantora norueguesa Ane Brun.

KOOP ISLAND BLUES

Hello my love
It's getting cold on this island
I'm sad alone
I'm so sad on my own
The truth is
We were much too young
Now I'm looking for you
Or anyone like you

We said goodbye
With the smile on our faces
Now you're alone
You're so sad on your own
The truth is
We run out of time
Now you're looking for me
Or anyone like me

Na na na na...

Hello my love
It's getting cold on this island
I'm sad alone
I'm so sad on my own
The truth is
We were much too young
Now I'm looking for you
Or anyone like you

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Muito amor pra dar

A long time ago, comprei um CD desse moço, Daniel Lanois, sem ter a mínima idéia de quem ele era. Achei a capa bonita, gostei dos trechinhos de música que escutei na loja, e por essas razões eu me decidi a levar.
Descobri depois que ele é um produtor canadense que volta e meia trabalha com o U2. Também costuma fazer parcerias com gente como Brian Eno e Peter Gabriel. Enfim, parei no Daniel por uma conjunção astral que deu certo. Gosto muito de quem transita ao redor dele, então alguma coisa dele eu não podia deixar de gostar também.
E essa música, que tá aqui procês, é a que mais gosto.

LOTTA LOVE TO GIVE
I'm watching the rain clouds in the sky roll in
I'm sick of these red pills, sick of the dealer's grin
Daniel, Daniel by the bonfires
On the telephone wire she's callin' you sayin'
Hey I got a lotta love to give

You walked up to me and said did I make a mistake
I feel so naked I could use a twist of fate
There's a sermon that I heard the other day,
confused me so I looked the other way
I'm watchin' you now with a whole lotta love to give

I'm half crazy, eyes are heavy
If I can't be with you I would much rather be very dead
Please don't break it, could you make it
into something that fits into your very pretty head

Oh, I'm half crazy, eyes are heavy
If I can't be with you I would much rather be very dead
Please don't break it, ah could you make it
into something that fits into your very pretty head

Just tryin' to write it down while I still remember
The winds are cold, but not yet, it's not yet December
Fireballs bursting in the sky, Wasaga Beach, first of July,
you said to me, hey I gotta whole lotta love to give